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sexta-feira, 7 de fevereiro de 2020

MARESIA




O meu poema cheira a maresia.
À maresia das profundezas abissais.
O meu poema é a ave marinha,
Da viagem transoceânica
Da amizade, do amor e da luxúria,
Que contigo, em alegre abandono,
Anseio percorrer.

Toda tu és o azul celeste
Com que o mar e a maresia se confundem,
E, em pano de fundo,
A evolução da viagem observas.
De ti apenas sei, que a ti, só a ti,
A alegria e o Sol obedecem,
Qual poderosa e magnânima
Rainha, nos seixos da praia
Desfrutando da sua plenitude.

Chamas-me, de longe, inatingível.
E eu, qual obediente pagem,
Te admiro e, louvando, te canto,
Nestas doces palavras,
Do lado de cá da esperança,
De te segurar em meus braços,
Com fogosos olhares animar teu rubor,
Com ternurentos beijos despertar teu ardor,
E com meu palpitante vigor,
Animar até ao êxtase teu feminil fulgor.

Se te ter não posso,
Pois porque me apareces?
Em delírios diurnos que sonho acordado?

Exacerbas-me a verve até ao infinito,
Em sonhos de desejo e encanto orientais,
Que ao invés de, pela tua ausência, fenecerem,
Ainda mais se acendem e despertam,
Num banho quente de paixão em que me banho.

Minha adorada Musa, meu Oriente por buscar.
És a Mulher. Aquela Mulher.
A que procuro desde sempre,
Misto de visão encantatória
E carnalidade presente e desejável.

Mas sonho demasiado! Ou não?
Serás real? Ou apenas uma maravilhosa ilusão?
E interessará tal?
Basta-me banhar-me na ilusão de ti, Mulher,
E nessa ilusão viver o alegre abandono
Da criação destas linhas. Isso me basta, por ora!

Também ouço o vicejar da tua juventude,
E, desejoso, me agradaria deixar trespassar
Pela tumidez dos teus magníficos seios,
Me deixar enlear pela curvatura das tuas ancas,
Penetrar-te e, assim,
Despertar a força dos teus gemidos
E, finalmente, após o êxtase,
Partilhar doces palavras e carícias,
Que apenas aos amantes estão reservadas.

Ó alegria de te ver assim,
Excitantemente despojada de atavismos,
Comigo celebrante da carnalidade,
Da furiosa carnalidade dos corpos desnudos,
Aquém e além do prazeiroso encontro da carne,
Em que, suspensos do amor, vivemos, a dois,
Duas vidas de solitária redenção.