O meu
poema cheira a maresia.
À
maresia das profundezas abissais.
O meu
poema é a ave marinha,
Da
viagem transoceânica
Da
amizade, do amor e da luxúria,
Que
contigo, em alegre abandono,
Anseio
percorrer.
Toda
tu és o azul celeste
Com
que o mar e a maresia se confundem,
E,
em pano de fundo,
A
evolução da viagem observas.
De
ti apenas sei, que a ti, só a ti,
A
alegria e o Sol obedecem,
Qual
poderosa e magnânima
Rainha,
nos seixos da praia
Desfrutando
da sua plenitude.
Chamas-me,
de longe, inatingível.
E
eu, qual obediente pagem,
Te
admiro e, louvando, te canto,
Nestas
doces palavras,
Do
lado de cá da esperança,
De
te segurar em meus braços,
Com
fogosos olhares animar teu rubor,
Com
ternurentos beijos despertar teu ardor,
E
com meu palpitante vigor,
Animar
até ao êxtase teu feminil fulgor.
Se
te ter não posso,
Pois
porque me apareces?
Em
delírios diurnos que sonho acordado?
Exacerbas-me
a verve até ao infinito,
Em
sonhos de desejo e encanto orientais,
Que
ao invés de, pela tua ausência, fenecerem,
Ainda
mais se acendem e despertam,
Num
banho quente de paixão em que me banho.
Minha
adorada Musa, meu Oriente por buscar.
És
a Mulher. Aquela Mulher.
A
que procuro desde sempre,
Misto
de visão encantatória
E
carnalidade presente e desejável.
Mas
sonho demasiado! Ou não?
Serás
real? Ou apenas uma maravilhosa ilusão?
E
interessará tal?
Basta-me
banhar-me na ilusão de ti, Mulher,
E
nessa ilusão viver o alegre abandono
Da
criação destas linhas. Isso me basta, por ora!
Também
ouço o vicejar da tua juventude,
E,
desejoso, me agradaria deixar trespassar
Pela
tumidez dos teus magníficos seios,
Me
deixar enlear pela curvatura das tuas ancas,
Penetrar-te
e, assim,
Despertar
a força dos teus gemidos
E,
finalmente, após o êxtase,
Partilhar
doces palavras e carícias,
Que
apenas aos amantes estão reservadas.
Ó
alegria de te ver assim,
Excitantemente
despojada de atavismos,
Comigo
celebrante da carnalidade,
Da
furiosa carnalidade dos corpos desnudos,
Aquém
e além do prazeiroso encontro da carne,
Em
que, suspensos do amor, vivemos, a dois,
Duas
vidas de solitária redenção.
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