O clamor das vozes audazes
Quebram o ardor
do meu silêncio,
Viciam-me de
orgulho e destreza a enviesada pena.
Acordam em mim
laços de memória sensíveis,
Às quais o meu ânimo
corresponde,
Fazendo, da
floresta densa,
Local aprazível
para a minha folia.
E, tal como os
mais, ergo-me, fiel a mim mesmo,
À hora em que
os mochos esvoaçantes,
Na busca de uma
qualquer presa,
Receptáculos da
minha oração vespertina,
Se incendeiam,
prenhes de amor e luxúria,
À hora em que o
frio vento da terra se enobrece,
E, impassível e
impetuoso,
Acrescenta o
sentido das coisas sensíveis,
Desdenhosamente
alicerçadas no vazio,
Às pregnâncias
da existência, suave e calorosa,
Após a morte de
qualquer desencontro
Entre palavra e
seu sentido particular,
Entre as gotas
de orvalho que,
Pela manhã, ouço
descer dos céus,
Evanescentes pelo
acordar do solar ardor,
A que,
respeitosa e silentemente, desejoso observo.
O meu desejo
adorna então o meu espírito,
Transmutando
toda a palavra dita no silêncio da carne,
Em poderosas
alavancas de amor e mel.
Refaço-me,
então, perdido e só,
Na estreiteza
do coração a mim alheio,
Cuja
consciência me preenche de uma alegria infantil.
Pueril lembrança
dos momentos ditosos,
Que o futuro me reserva no seu devir de mar sem limites,
Alma latejante
que me guardo, qual príncipe encantado,
Nos
interstícios da minh’alma, assim, feliz, despojada de atavismos.
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