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sábado, 14 de julho de 2018

Escritos dispersos 16.04.2018







Abertura ao Mundo

Hoje flori.
Uma flor de muitas pétalas,
Tantas como as cores do arco-íris.
Roxo, lilás, azul, vermelho, amarelo.
Tantas cores como nomes.
Nomes de pessoas de todo o mundo.
Expus-me ao Sol,
O magnífico Sol radioso do zénite,
E descobri-me livre e inteiro,
Como numa viagem iniciática.
Cerca de mim outras flores,
Todas diferentes umas das outras,
Todas originais e únicas na sua singeleza.
E dei-me ao mundo como me entregaria a uma mulher.
Nu.
Acariciando-a com cada pétala do meu ser.
E o meu mundo cresceu.

2

Escrever qualquer coisa
Escrevo à meia-luz do bar do CCB.
Está quase vazio.
Na realidade está demasiado escuro.
Não servia para frade. A sombra agrada-me como refúgio do Sol tórrido e
inclemente do meio-dia de Verão.
Mas hoje sinto-me solar como a vagina de uma mulher, delicada e amável.
Órgão sensível e todo delicadeza, como aliás todo o corpo feminino, a
tratar com ardor e volúpia.

3

Corpo de mulher

O corpo da mulher é um poema.
O corpo da mulher é um todo.
Não se deve dividir em sílabas ou orações.
O corpo da mulher é um poema,
A ser gozado com prazenteira e vagarosa calma.
O corpo da mulher é uma maçã vermelha,
que se colhe da árvore e se saboreia,
dentada a dentada.
O corpo da mulher é o mundo,
As suas tormentas e desafios,
Alegrias e tristezas,
Desejo e volúpia,
De uma vida sonhada a dois.

4

A Guerra

A guerra pertence-me.
Eu pertenço à guerra.
Amamo-nos e odiamo-nos.
Intensamente!!!
Por vezes discutimos e chateamo-nos.
Nessas alturas somos irreconciliáveis.
Mas depois vem a paz, irremediavelmente.
E então!
E então!
Então entregamo-nos um ao outro,
Com ardor e volúpia e sem qualquer reserva.
E somos novamente um par de amantes,
A Guerra e Eu.

5

O Fim do Mundo

É Outubro. Faz frio.
Há muito que as árvores começaram a perder as folhas, que se amontoam no chão, rodopiando por vezes sob o impulso de um vento forte, parecendo labaredas enlouquecidas.
Sou uma pessoa muito ocupada. Tenho reuniões muito importantes no trabalho, que, frequentemente, me impedem de estar com a família.
Tenho 50 anos. Posso considerar-me uma pessoa bem sucedida. Sou CEO de uma grande firma. A primeira no seu segmento de mercado.
Hoje faço anos.
Logo hoje. Logo hoje.
Logo hoje que foi capa de todos os jornais, todas sem excepção, a notícia que o mundo tinha acabado.
Não estou a mentir. Não foi nenhuma previsão de astrólogo ou cartomante.
O mundo acabou.
E agora?
Eu, que tinha a minha vida organizada, tinha mulher e filhos, um óptimo emprego numa das mais prestigiadas firmas do mundo. Fazia exercício, corria pelo menos 10 quilómetros por dia, qualquer que fosse o tempo, mais de cem flexões, duzentos abdominais e 150 cangurus, não faltava a uma sessão das duas consultas semanais de psicanálise com um dos mais prestigiados psicanalistas da nossa sociedade, vejo-me agora reduzido a esta existência.
Sinto-me perdido e sem referências.
Tenho que me conformar, só isso.
Agarrar-me às lembranças da minha boa vida e andar em frente.
Sim, porque eu nunca fui de desistir.
Nunca virei a cara à luta.
Sou um self made man.
Mas isto.
Este vazio.
Sinto-me perdido sem as minhas rotinas, sem as reuniões onde brilhava sempre com a minha argúcia, a minha energia, a minha inteligência.
Sempre fui a inveja em todas as empresas por que passei. Todos os meus adversários temiam, sentia-o, quando reparavam que eu não falava, e podem ter a certeza que reparavam sempre, e depois me preparava para falar. Arrasava, quer fosse a deitar abaixo quer a elogiar.
Mas agora isto.
As outras pessoas estão como eu. Incrédulas. Ninguém sabe o que fazer.
Vagueamos sem destino porque o mundo acabou.
Ainda me lembro bem.
A vida era boa. Tinha imenso sucesso com as mulheres. Gostava delas elegantes, com seis firmes e grandes e um rabo firme e bem redondo.
Confesso que dei algumas facadas no casamento. Mas, também, quem é que não dá? Elas quase me pediam que as fodesse. Eu só escolhia as melhores, é claro. Das outras livrava-me utilizando as minhas capacidades diplomáticas e de manipulação. Em suma, cona não me faltava.
Mas agora!
E agora? O que faço?
O mundo acabou e eu não sei o que fazer.
MAMÃ!!!!

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