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domingo, 16 de setembro de 2018

Tu

Digo Tu
E o mundo refaz-se todo em mim.
Todas as madrugadas em que sonhei
Acreditando seres Tu o fiel da balança
Entre mundos tão díspares
Como o Eu e o Nós.
Digo-te baixinho
Digo-te de modo oblíquo, de viés
E sinto-me perdido na tua rectidão
A que sinto não ser digno
Por ser belo e bom tudo o que de ti provém
Todo o balançar do teu corpo
O som fisicamente palpável dos teus silêncios
E o das palavras por ti proferidas
O movimento da tua boca ao dizê-las
A tua coquetterie de prima ballerina
A tua timidez angelical e pura
Das minhas profundezas me trazem à tona
Apenas para me deslumbrar com a tua graça
Da tua presença e dos teus gestos feminis de mulher adulta
Não te imaginando eu capaz de um gesto deselegante.
Anseio por estar perto de ti
Ainda que me sinta desadequado
Quando não ridículo na tua presença
Quando te vejo rejuvenesço, acredito no impossível
E em ser capaz de mover Céus e Terra
E escrevo. Escrevo furiosamente
Até à combustão das palavras
Até à minha própria danação de ser desejante
Escrevendo continuamente até ao fim dos tempos
A partir desta varanda
De onde se vislumbra a realidade das coisas sensíveis.
Quero queimar-me inteiro e capaz
Na sarça ardente do teu Amor
E fundar religiões, provocar terramotos
Pelo confronto carnal dos nossos corpos desnudos e livres.
Quero o Absoluto, doido que sou
Um Absoluto que ultrapasse a barreira final
E perdure, perdure sempre, até ao fim dos tempos
E nenhum Homem ou Mulher se olhem
Como o fizeram até hoje.
Mas tudo isto são quimeras
Sonhos vãos de uma alma apaixonada
À qual nunca foi dada a oportunidade
De te enlaçar em seus braços
E, olhando-te no mais íntimo dos teus olhos
Dizer-te
Amo-te, meu Amor

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