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quarta-feira, 8 de janeiro de 2020

Rainha da Noite


Da relação incestuosa com a paixão,
Me tornei pederasta do Amor.
Cantora lírica, ao rés da vida
Me vou fazendo de tédio e abnegação.
Filhos? Conto-os pelos clientes que me procuram.
Crianças, todas, enegrecidas pela dor.
No seu negrume procuram teatrais, verosímeis,
Atentados aos seus fracos corpos de abandono.
E Eu, nada mais que o tédio das noites longas,
Representando o inatingível,
O que são incapazes de receber,
A portentosa magnificência de uma deusa em queda,
De um ser em rápida degenerescência,
Incapaz de cuidar des enfants.
De mes enfants.
Tanto faz, a vida faz-se-me,
Na rotina diária do frio amplexo da dor,
De me ver confundida com o intangível, que todos procuram.

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