03 julho 2024

Final

Não quero que o amanhã acorde,

Quero que o há pouco fique no local onde o deixei,

Que possa visitá-lo quando me aprouver,

Sem prescindir de qualquer pormenor.


Não quero que chegue o daqui a pouco,

Com a sua fanfarra de triunfalismo e empáfia,

E tome o lugar do há pouco,

Venerando e experiente há pouco.


Quero a loucura vertiginosa do agora a todo o transe.

Quero tentar a sorte com o indelével e incógnito agora,

Algo que nos descobre,

Enquanto aninhados seres do há e do daqui a.

Pouco.


Quero controlar o inelutável, sentir que, perante ele,

Não sou apenas um vislumbre de centelha,

Entre cujo dealbar e a extinção não vai mais que um instante.


Não quero que chegue o daqui instante,

Ou que.chegue tão de mansinho,

Que me apanhe de surpresa,

Que surja sem se avisar que dei mais um passo rumo ao final.


Final cujos contornos não concebo.


E possa simplesmente dizer:


A morte não existe, nunca existiu e nunca existirá.


Pois! Afinal o que é a morte?

Que é isso de se morrer?


Com mais pormenor!


É um instante?

Pode ser um instante?


E as gentes do instante, que dividem o mundo em mortos e vivos,

Entre opostos antitéticos absolutos,

Não terão eles feito já dano suficiente

Para que lhes continuemos a ligar?


Se o mundo pode ser reduzido a sequências de zeros e uns,

Onde raio ficam os restantes naturais, para não me alongar mais?

Sem comentários:

Enviar um comentário

Amore (traduzione, con l'aiuta una tantum dei traduttore su internet)

Di nuda, Ti ho trovata, volto ambrato. Una mano, d'amore, aperta, L'altra, di lutto, chiusa. Mi hai catturato. Come una sirena slanc...