Lancei a minha garrafa
Em muitos mares.
Lancei a minha garrafa
em muitos mares.
Até, de cada lançamento,
Não restar, em mim,
Memória viva, em tempos dolentes,
Aqueles em que, gozando o ócio,
Mais nos pasmam, a cada esquina,
As mais agradáveis lembranças,
De sua pretérita existência.
Lancei a minha garrafa
Em muitos mares.
Lancei a minha garrafa
Em muitos mares,
Em busca da alma errante e só,
A quem a minha escrita
Não causasse equívocos,
E fizesse da minha mensagem,
No cume da mais alta montanha,
Um cadinho de palavras e gestos,
A um só tempo amorosos e perversos.
Teia, formosa teia,
Paciente e delicadamente tecida,
E de equívocos e certezas ornada,
Tal como a breve vida de todos os viventes,
Futuro e inevitável pó.
Lancei a minha garrafa
Em muitos mares.
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