10 maio 2020

Eu sou o vento


O vento acaricia a copa das árvores.
Sou o homem que acaricia a sua amante.
O vento afaga-lhe as ancas.
Sou o homem que lhe descobre as ramagens.
Sou o homem que lhe colhe os frutos.
O vento sente-lhe os seios.
O vento agita-lhe as folhas, uma e outra vez.
Sou o homem que a beija nos lábios, vezes sem conta.
Buscamos a flor, a particularíssima flor do seu íntimo,
Que ela, trocista, oculta.
Eu sou o vento.
Tu és a mulher que alberga as andorinhas.
Eu sou o homem,
Tu és a raiz que, no aconchego dos lençóis, se oculta.
E tu és o fruto desejado do nosso amor.

Sem comentários:

Enviar um comentário

comme je t'ai vu

quels arbres. nous nous élevons contre le ciel. qu'il soit bleu comme lui seul peut le faire. veut du plomb. quel jour pluvieux de prémi...